domingo, 21 de março de 2010

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS


Contei meus anos descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho agora mais passado que futuro.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...

Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial"


texto foda mandado pelo meu pai pra mim no dia em que ele fez 47 anos.

2 comentários:

  1. Se olhar lá no fundo da bacia ( seja em qq época da sua vida) verá que tem sempre algumas jabuticabas. Ao longo de nossas vidas vivemos sempre focados em alguma coisa, que nem percebemos quantas frutinhas ainda tem em nossa bacia... E sabe de uma coisa, são as jabuticabas mais gostosas!

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  2. Adorei Isa, seu pai escreve bem.
    Eu já me sinto meio assim aos 20, imagina aos 47.

    Vou começar a chupar o caroço hoje mesmo.

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