sábado, 27 de março de 2010

Idade

Eu estudo marketing. Desde que eu entrei na faculdade, aprendemos a dividir as pessoas de duas formas diferentes:

1 – Jovens de 15 a 25 anos pertencentes à classe A que moram na zona sul de São Paulo.

2 – Pessoas que gostam de arte e cultura que trabalham durante a semana, mas gostam de ir ao cinema e ao teatro nas horas vagas, costumam reunir seus amigos em casa para conversar, moram sozinhas, etc.

A primeira forma diferencia as pessoas por características numéricas e geográficas, enquanto a segunda ignora completamente isso tudo e separa as pessoas pelo seu estilo de vida.

E isso me leva a um segundo ponto um pouco mais complexo. Como podemos diferenciar pessoas pela idade, sendo que cada uma teve experiências diferentes no decorrer da sua história e que, por isso, cada uma tem um nível de maturidade muito diferente da outra?

Me uso como exemplo: aos 15 anos eu estava no terceiro ano do ensino médio. Todo mundo nessa idade está cursando a oitava série. Mas eu não, eu tinha que ser a diferente. Aos 15 anos, ao invés de me importar com qual vestido eu vou usar na próxima festinha de debutante, eu estava escolhendo qual faculdade eu faria, se eu iria desistir do estudo para me dedicar ao esporte ou se eu desistiria do esporte pra me dedicar ao estudo. Decidi estudar.. e já que eu decidi isso, eu queria estudar igual gente grande. Descobri que a melhor escola do curso que eu queria ficava em São Paulo, a mais de 600Km da minha família e de todos os meus amigos. Até aquele dia eu tinha ido pra São Paulo duas vezes pra passar o fim de semana, não conhecia absolutamente ninguém... nem um parente distante pra fazer a íntima. Nada. Aos 16 anos me mudei completamente sozinha, apostando que se tudo desse errado eu voltaria pra Bh no semestre seguinte. Hoje eu tenho 19 e brinco que eu cresci mais em 3 anos do que em todos os 16 que eu passei na minha casa. Aprendi o que são amizades verdadeiras e que elas conseguem crescer mesmo com a distância, aprendi o real valor do dinheiro, aprendi que papel higiênico acaba e comida também, aprendi que não preciso contar pro meu pai pra onde eu vou e nem com quem eu vou, mas por outro lado ele não vai me buscar se der alguma coisa errada. Aprendi que o mundo realmente não tá nem aí se você tá carente, de coração partido ou se você tá só precisando de um abraço, pouquíssimas pessoas vão parar pra te ouvir... e menos pessoas ainda vão realmente entender o que você quer dizer. Aprendi que existem pessoas encantadoras e outras nem tanto. Aos 19 eu já bebi mais do que devia, já me decepcionei milhares de vezes, já passei por varias situações inusitadas, já chorei e fiz chorar.. já matei trabalho porque eu tava doente, já matei trabalho porque eu tava “doente”.. já me diverti demais... e eu posso dizer de boca cheia que eu vivo a minha vida da forma mais intensa que ela me permite, sem pudores ou arrependimentos.

Agora me diz, o primeiro método que eu disse lá em cima leva tudo isso em consideração?

domingo, 21 de março de 2010

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS


Contei meus anos descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho agora mais passado que futuro.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...

Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial"


texto foda mandado pelo meu pai pra mim no dia em que ele fez 47 anos.

domingo, 14 de março de 2010

Incoerência

É engraçado como nós somos incoerentes o tempo todo sem nem perceber. Pessoas pregam ser humanitárias e nem olham pro lado quando passam por um morador de rua. Pessoas pregam não ser hipócritas, mas já fizeram exatamente a mesma coisa ou pior do que aquilo que estão julgando. Todos nós já dissemos “eu nunca vou fazer isso ou aquilo” e adivinha? Acabamos sempre fazendo. Então pra que se delimitar? Pra que se auto definir, julgar, condenar.. se todos nós somos completamente incoerentes com aquilo que dizemos ser? Por isso busco não me definir ao máximo.. porque eu já sou uma contradição em pessoa.. imagina se eu me preocupasse em seguir tudo o que eu digo sobre mim?